15. Outra noite em 67 – Parte 2

Certa vez, Toninho Horta apresentou uma linda canção para Marcio Borges, esta por sua vez, ainda estava sem letra, caberia então ao primoroso poeta tecer suas primorosas rimas ao matrimônio de tal melodia. Com esta parceria junto a outra canção com sua prima Junia Horta, classificam 2 músicas para o II FIC, “Maria Madrugada” e “Nem é Carnaval”.

O festival já dava seu início, enquanto isso nos camarins, Marcio conhecia e deparava com vários outros concorrentes do evento, sentia o frio e a emoção por estar presenciando aquilo tudo, na plateia amigos de Belo Horizonte e Três Pontas, familiares de Bituca e aquela imensa multidão, atenta e critica a cada nova apresentação. Como já rege a tradição de um bom mineiro, Marcio observava tudo calmamente, sentia a vibração , aplausos e vaias do público, mas foi com a interpretação de “Travessia” que a multidão calou-se, naquele momento, o Brasil escutava a voz de seu filho, o celeste herói negro destas Minas Gerais apresentava aos seus irmãos o brilho intenso de sua humilde e frutífera arte.

Milton Nascimento não ganhou o 2° Festival Internacional da Canção, mas acabara de conquistar algo ainda mais precioso, os ouvidos e a atenção dos brasileiros, o vencedor do Galo de Ouro ficou por conta um novato e admirável baiano, Guttemberg Guarabyra, com sua majestosa “Margarida”, “Travessia” ficou em 2° lugar, logo após “Carolina” de Chico Buarque, interpretada por Cynara e Cybele, completam ainda “Fuga e anti-fuga” (Edino Krieger e Vinicius de Moraes) com o grupo 004 e As Meninas e por último, “São os do Norte que vêm” (Capiba e Ariano Suassuna) por Claudionor Germano.

Por Altieres Fonseca (01/03/2011)